O lançamento do programa Dínamo, do coletivo de vídeos Ostra Monstra, pegou a nossa “cena” – e talvez a cidade – num momento raro de convergência. É um programa sobre as pessoas jovens fazendo música em Pernambuco. Eu fiz a discotecagem, Matheus Mota fez show 99% solo, com Aninha Martins em participação especial. Foi também o dia do aniversário discreto de nosso guru D Mingus. Isso na quinta. Na sexta, o rockstar de Areias, Juvenil Silva, fez show abrindo para Di Melo no APR Club. No sábado, foi aniversário de Hugo Coutinho, o Cabeça de Coração – que toca com D Mingus, Juvenil… Um encontro com muito violão e cerveja e integrantes da “cena”. E, no domingo, teve Ocupe Estelita – a convergência da cidade despertando coletivamente para as questões urbanas.
Liberta, DJ!
Lá pelas 19h, comecei a botar som. Tinha um Pen Drive com umas 400 músicas. O som tava meio estourado, chiado no começo, mas melhorou. Achei djoya ter espaço para as músicas não-dançantes também… Agepê, Jane Birkin, Yanna Lee, Dan Deacon e Yo La Tengo convivendo em harmonia. A galera foi chegando. O Bogart Café é um lugar massa, um tanto apertadinho para eventos como esse. Corredor estreito e tal. Mas com um clima intimista bacana. Depois de uma hora ou mais de galera conversando, bebendo, comendo, resolveram passar os vídeos do Dínamo: dois programas, um com Matheus Mota e outro com o Mabombe.
Na hora consegui ver só o finalzinho do programa do Mabombe, e achei bem legal. Depois fiquei sabendo que ainda era a versão “não-oficial” do lance. Acabo de ver agora o de Matheus Mota, que já está na internet. Representa bem o Matheus, já a partir das cenas de abertura com a cidade, os ônibus, as pessoas, vibe presente na própria música dele, que se relaciona muito com os espaços. E ele aparece bem largadão em casa, camisa e bermuda com vários anos de serviço.
É essa curiosa combinação de fatores: uma certa despretensão, por um lado, e um trabalho muito sério e amoroso com a música que faz da música de Matheus ser assim. Que faz talvez todos nós da “Cena Beto” sermos assim. Ao mesmo tempo, existe perfeccionismo e insegurança – Matheus me disse que estava nervoso de fazer o show sozinho, sem banda. Ele é um cara muito engraçado. Fiquei feliz de saber que ele ganhou uma câmera e vai retomar os experimentos áudio-visu. Alguém aí se lembra da Bafo Movies?
O que o Dínamo representa, acima de tudo, é esse novo olhar que precisa existir, essa interação entre músicos, cine-videastas, designers, desenhistas, público, roadies, donos de bar etc; para que a cidade se movimente. Para que todos sejam “Cena Beto” ou qualquer cena que aparecer antes, durante ou depois. Acho que são cenas dentro de cenas dentro de cenas. Mecenas, que é bom não tem mais… Mas estamos chegando, chegando com a ajuda de várias iniciativas.
Evoé! Avohai!
Longa vida, Dínamo!
Foto de capa: Logo do coletivo Ostra Monstra.
Vídeo 1: Programa Dínamo 01 – Matheus Mota
Vídeo 2: Dínamo.Mov – Avenida, de Matheus Mota
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