entrevista: Juvenil Silva

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Fotos: Keyse Menezes

São diversas as formas e estratégias de preparação de um festival de música. “A noite do desbunde elétrico” e o “No Ar – Coquetel Molotov”, respectivamente, com 07 e 10 anos de existência, são opostos (seja pela proposta curatorial de ambas, estrutura, acesso à editais de fomento, patrocínios privados, público etc) que neste ano se atraem. Nessa décima edição do festival organizado pelo Coquetel Molotov, ambas as maneiras de lidar com a cena musical de Recife se encontram de maneira mais efetiva.

Da coletânea que representou a Cena Beto, a O.N.I. – Objeto Não-Identificado,  lançada dois meses atrás, os músicos Matheus Mota, D mingus, Claudio N. e Juvenil Silva se fizeram presentes na escalação do No Ar 2013. Coincidentemente ou não, cada um deles se apresentou (ou se apresentará) em palcos diferentes do mesmo festival. Coube a Juvenil Silva realizar o show do álbum Desapego no principal palco, o do Teatro da UFPE.

Nessa breve conversa, Juvenil se mostra cada vez mais interessado na articulação entre os “Betos”, mas sem assumir o papel de produtor, e sim o de músico, com o qual se sente mais à vontade. Para o futuro do Desbunde, o “festival pessoal” que sempre lhe abrigou, os editais de cultura podem ser um espaço a ser ocupado, mas não por ele, o músico-músico, mas pelos produtores-músicos, essa nova (e necessária) categoria insurgente da cena musical pernambucana. A ver.

por Carlos Gomes.



Realizar o show de abertura do festival No Ar – Coquetel Molotov tem algum significado especial para você?

Todo show que surge assim de convite, pra mim tem, ainda mais da forma que surgiu esse convite. Foi logo após uma das produtoras do Festival assistir o show que fiz no Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), que foi o bicho. Falo de convite, pois venho de uma realidade em que tive deveras vezes que “convidar” eu mesmo pra tocar (hehehe). Traduzindo, eu mesmo tinha que organizar meus shows, meus festivais… O Coquetel Molotov é um Festival Cobra daqui, bem legal em relação à visibilidade, divulgação e da estrutura que oferece para que possamos arrepiar na hora do vamo ver.

Como um dos principais organizadores do festival A Noite do Desbunde Elétrico, você almeja para o Desbunde torná-lo também um dos festivais “cobra” da cidade?

Ele já é! Hehehe. Pelo menos pra mim, que me divirto pesadamente nessa noite de kaos bem vindo, entre as bandas que mais curto das quebradas… Mas se você se refere a tornar ele grandioso, esparroso e aprovado em editais de incentivo à cultura, não vejo nada contra, nem venho a buscar isso. Tem gente que se dispõe a ajudar a fazer isso, e é disso mesmo que precisamos, mas pra mim não dá. Não sou produtor de festival, tô mais focado, e sempre fui em fazer o meu som. Simplesmente deixo andar. O Desbunde é quase que algo particular… hehehe. Um Festival pessoal!

O disco Desapego foi lançado no começo do ano, e com ele, você e os músicos que o acompanham devem ter amadurecido bastante o show. Quais as principais diferenças do show do festival Desbunde e o que você fará no Coquetel Molotov?

A gente realmente ensaia pacas, até porque, no momento, conto com o Estúdio Jovem, lá em casa, onde a banda ensaia umas duas vezes por semana e afina a sintonia do grupo (altamente coracional) que ainda continua o mesmo que me acompanha desde o começo. A diferença desse show para o do Desbunde Elétrico é que contarei com a participação de Leo Vila Nova na percussão e Aninha Martins em uma música nova, “Com você na minha boca”, que será apresentada pela primeira vez.  O roteiro do show também será diferente… Bem, aquela loucurinha vai estar por lá, mas realmente o show vai ser diferente e também teremos surpresas que quero segurar.

É característica das bandas do Desbunde Elétrico, recém batizada de Cena Beto, a colaboração entre os músicos nos trabalhos uns dos outros. Nas apresentações ao vivo, D mingus, com a Fantástica Kazoo Orquestra, foi o que melhor estruturou essas parcerias, dando continuidade a elas e ampliando a participação dos músicos nos shows. No seu caso, os shows de “Juvenil Silva” poderão se tornar cada vez mais shows da “Cena Beto”? Abrindo parcerias para músicos ainda mais desconhecidos do público?

Sim, cara. Curto muito dá aquela aglutinada gostosa… E sempre convido alguém diferente pros meus shows. Por ele, já passaram muitos Betos. O mais recente e legal foi o show que dividi com Graxa no “Agito pesado”. São meus amigos e isso é muito natural, pois a gente vive tocando juntos no dia a dia, seja numa jam em estúdios ou em mesas de bares botando as violinhas pra chiar… O momento é de total instiga, dia 18 cheguem cedo, pois ainda têm Cláudio N e Rafael Castro, dois brothers que admiro bastante e indico o som e o show. Depois, de 21h, corre pro teatro que a barra vai pesar!

 

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Carlos Gomes Escrito por:

Escritor, pesquisador e crítico. É editor dos projetos do Outros Críticos, mestre em Comunicação pela UFPE e autor do livro de contos "corto por um atalho em terras estrangeiras" (2012), de poesia "êxodo," (CEPE, 2016) e "canto primeiro (ou desterrados)" (2016), e do livro "Canções iluminadas de sol" (2018), um estudo comparado das canções do tropicalismo e manguebeat.

Um comentário

  1. 5 de outubro de 2014
    Responder

    Juvenil é um bom músico e parece ser um bom letrista. O problema é que não se consegue entender nada do que ele canta. Além da dicção não ser boa, ele faz muita firula ao cantar, o que dificulta mais ainda o entendimento das letras. Já assisti os vídeos dele, fui ao show no teatro Santa Isabel, e continuo sem entender nada. Acho isto uma grande dificuldade, por que a platéia fica inerte e não consegue cantar com ele, por que ninguém entende nada.

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