Foto de capa: Turunas da Mauricéia. Anúncio no Correio da Manhã (RJ), 06 de fevereiro de 1927. O período compreendido entre 1927 e o início da década de 1930 é certamente um dos mais complexos e decisivos para a história da música brasileira registrada em discos. É um momento marcado pela aposta da indústria cultural na absorção e divulgação de um espectro mais amplo da imensa diversidade estética brasileira, como também pela expansão do alcance territorial e das possibilidades técnicas…
Autor: Caçapa
Compositor, arranjador, produtor musical e violeiro nascido no Recife (PE) em 1975, e radicado em São Paulo (SP) desde janeiro de 2014. Cursou Licenciatura em Música na Universidade Federal de Pernambuco, entre 1997 e 2001. Durante a gradução (incompleta), participou da fundação do Núcleo de Etnomusicologia da UFPE e da Associação Respeita Januário – Pesquisa e valorização dos cantos e músicas tradicionais do Nordeste. Escreveu artigos para as revistas Sounds and Colours Magazine (Inglaterra), Outros Críticos (PE), +Soma (SP), e para o lançamento do disco “Thiago França”, do Passo Torto e Ná Ozzetti. Atualmente desenvolve o projeto "O Coco-Rojão e as Violas Eletrodinâmicas: Pesquisa e Criação" aprovado no edital Rumos Itaú Cultural 2015-2016.
Em 1922, com a chegada dos Turunas Pernambucanos à cidade do Rio de Janeiro, inicia-se a segunda onda de música nordestina a tomar conta do Sudeste do país: uma consequência direta do sucesso e influência de artistas como João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense no ambiente cultural carioca, desde a primeira metade dos anos 1910. O auge desta onda se dá entre os anos de 1927 e 1929, com a chegada à capital federal de mais dois conjuntos igualmente…
Este texto é o primeiro de uma série de oito artigos que propõem o levantamento de uma discografia da música produzida por compositores e intérpretes nordestinos, partindo da fase inicial da indústria fonográfica brasileira, em 1902, e chegando até o final do século XX. Não se trata de uma lista de “melhores discos”, nem mesmo de uma discografia técnica e definitiva sobre o tema – o que seria dificílimo, ou mesmo impraticável, com o espaço e os recursos disponíveis em…
por Rodrigo Caçapa. Qualquer reflexão ou diálogo a respeito da música tradicional do Nordeste brasileiro esbarra imediatamente no problema da própria denominação do objeto. Música de tradição oral, música tradicional, música de rua, música de terreiro, música regional, música de raiz, música folclórica, ou cultura popular. Nenhum desses termos é capaz de abarcar a imensa diversidade estética desse universo, nem dar conta das particularidades históricas e da complexidade dos contextos culturais nos quais essas músicas são cultivadas. Seja qual for…